segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
Chapeuzinho Vermelho
Aconteceu em
tarde chuvosa. O Lobo e a Vovó em gemidos uivados grunhiam. Suados,
entrelaçados corpos entre doces e frutas. “Aquela boca Chapeuzinho, aquela boca
era tão grande”. Devorou as roupas, a carne, o sangue. Devorou a alma e cada
maldade e pavor que já existira
Entre as
tabuas do casebre, Chapeuzinho, em seus olhinhos pequenos, observa atônita cada
gesto da Avó; cada movimento de ancas da terrível besta; cada mordiscada; cada
insulto indecente. Os dedinhos finos de Chapeuzinho aquietavam os lábios – a
respiração descompassada de pavor e de êxtase.
“Ah! Vovó... quantos
ombros e costas, quantas patas e bocas, quantos pelos e dentes?”
“Ah! Vovó,
quantos gritos de sofrimento e prazer!”
...pliniopereiradesousa
sábado, 30 de abril de 2011
nós
Olhe os olhos da mina... parece não ter pulso, irmão. Olhe o suor, a pele... não sei o que faço. Olhe isso, irmão... não toque em nada... tudo esta em seu lugar, eu não estou. O que passou, fui eu. Cem gramas, sem dramas. Por que a gente é assim?
...pliniopereiradesousa
sexta-feira, 4 de março de 2011
Amor correspondido
- Jura que me ama?!
- Se jurasse deixaria imediatamente de amar!
- Então apenas diga, para que eu o ame um pouco menos...
- Se jurasse deixaria imediatamente de amar!
- Então apenas diga, para que eu o ame um pouco menos...
...pliniopereiradesousa
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Morfossintaxe
Desde então, as pernas tortas endireitaram-se, os olhos estrábicos alinharam-se, os ombros, o busto. Haveriam ainda, os outros, a chamarem Maria?
Maria, meus caros, era pura descrição.
...pliniopereiradesousa
Gêneses
Linguagem linfática consiste em tirar do verbo a gordura. Espremê-lo até que dele salte os preâmbulos das conjugações. Depois, resta deixá-lo em estado radical, sem infinitivo, livre do tempo, transcendente. Por fim, sem marca alguma, o indescritível gemido, dizível apenas pela forma primária de grito. Os macacos já faziam poesia...
...pliniopereiradesousa
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
domingo, 12 de dezembro de 2010
Retrato
Não era mais que papel. A lembrança toda no fechar dos olhos. A saudade, o gosto... O retrato, não mais que papel...
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