João amava Maria, não apenas naquilo que ela parecia ser. João amava Maria com a devoção de quem ama o que não é aparente. Maria, por sua vez, não amava João, mas nele parasitava, contente da idéia de tê-lo à vista, controlando-lhe a distância e regulando a tensão das vontades do amante.
Assim, Maria engenhava o homem perfeito, forjado a beijos frios e carinhos sem trocas de olhares. João continuava a amar Maria, mas consciente de que suas dores de solidão sustinham a amada, cravou em si, no centro do peito um punhal. Maria parasitada em João caiu morta em seu colo, não sem antes dizer-lhe a última palavra: desgraçado!
...pliniopereiradesousa