segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Chapeuzinho Vermelho


Aconteceu em tarde chuvosa. O Lobo e a Vovó em gemidos uivados grunhiam. Suados, entrelaçados corpos entre doces e frutas. “Aquela boca Chapeuzinho, aquela boca era tão grande”. Devorou as roupas, a carne, o sangue. Devorou a alma e cada maldade e pavor que já existira
Entre as tabuas do casebre, Chapeuzinho, em seus olhinhos pequenos, observa atônita cada gesto da Avó; cada movimento de ancas da terrível besta; cada mordiscada; cada insulto indecente. Os dedinhos finos de Chapeuzinho aquietavam os lábios – a respiração descompassada de pavor e de êxtase.

“Ah! Vovó... quantos ombros e costas, quantas patas e bocas, quantos pelos e dentes?”

“Ah! Vovó, quantos gritos de sofrimento e prazer!”

...pliniopereiradesousa