Aconteceu em
tarde chuvosa. O Lobo e a Vovó em gemidos uivados grunhiam. Suados,
entrelaçados corpos entre doces e frutas. “Aquela boca Chapeuzinho, aquela boca
era tão grande”. Devorou as roupas, a carne, o sangue. Devorou a alma e cada
maldade e pavor que já existira
Entre as
tabuas do casebre, Chapeuzinho, em seus olhinhos pequenos, observa atônita cada
gesto da Avó; cada movimento de ancas da terrível besta; cada mordiscada; cada
insulto indecente. Os dedinhos finos de Chapeuzinho aquietavam os lábios – a
respiração descompassada de pavor e de êxtase.
“Ah! Vovó... quantos
ombros e costas, quantas patas e bocas, quantos pelos e dentes?”
“Ah! Vovó,
quantos gritos de sofrimento e prazer!”
...pliniopereiradesousa
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